Pepe Moreno: e o cego com três filhos aleijados

:: Jornal Agora Santa Inês - O Jornal do Maranhão Central ::: "A violência não estanca em Santa Inês e faz mais vítimas, o que fazer?


Parece até que é chover no molhado se falar em violência em Santa Inês. Mas não é não! É a mais pura verdade que estampamos em nossas páginas. Nem de longe fazemos apologia à violência. E nem queremos que nossos filhos e netos vivam em um clima assim, mas por mais que queiramos nos calar, os fatos acontecidos no dia a dia de Santa Inês nos impedem de fazer isso. Somos uma cidadela para o povo desta cidade. Quer queiram ou não, o que escrevemos em nossas páginas é lido por mais de 25 mil leitores a cada edição. E o que você ouve você esquece, mas o que você lê fica gravado na memória. Ou ainda; vale mais o que você ouve ou o que está escrito? Claro que é o que está no papel. Daí que nós do Agora Santa Inês jamais nos calaremos ou nos daremos por vencidos diante de tanta violência. Quem esteve na Praça da matriz na noite de domingo, imaginou que estivesse em uma favela do Rio de Janeiro, daquelas em que todo mundo pode ser alvo de uma bala perdida.
Quem saía da missa da Igreja de Santa Inês não acreditava no que estava vendo e ouvindo. Os disparos até hoje ecoam nos ouvidos dos que presenciaram aquilo. Quem foi ao Hospital Tomás Martins pode ver e sentir o desespero de várias famílias das vítimas do marginal que disparou tiros a esmo na multidão que acompanhava um bloco carnavalesco. O choro se misturava com a raiva e a impotência. Os pais das vítimas pareciam não acreditar no que estavam vendo. O desespero era de cortar o coração. E então, isso é ou não resultado da violência que açoita a cidade? Claro que é! A violência está solta em Santa Inês apesar dos esforços da Polícia Militar, outrora ausente por muito tempo de suas obrigações para com o povo, muito embora agora esteja presente em cada esquina da cidade. E esteve presente naquela noite de domingo. Fez seu papel. Resgatou das mãos dos foliões o frio e calculista criminoso que foi para a folia com uma arma na cintura cheio de “boas intenções”. A PM também agiu rápido controlando o tumulto, a revolta do povo e o acesso às dependências do Hospital Tomás Martins. Aliás, a PM tem agido ultimamente como tem que agir. Há bons e grandiosos policias nas hostes da briosa PM, disso não temos dúvidas, porém falta-lhe ainda condições de trabalho e mais efetivo.
A violência que já há alguns anos toma conta de Santa Inês é a violência urbana. É dela que precisamos cuidar com urgência. É preciso desarmar a população. Existem armas demais dando sopa e ações de menos no sentido de retirá-las das ruas. Um revolver por aqui é facilmente encontrado na cintura de quem vive mal intencionado. A polícia precisa traçar um plano que tenha por objetivo combater o uso de armas de fogo e por conseguinte o uso também de armas brancas com as quais se mata mais ou igualmente às de fogo. Por sua vez a Sociedade Civil tem que unir forças com as autoridades constituídas na busca de soluções para os problemas da Segurança. Os movimentos registrado na cidade nessa direção nas últimas duas semanas, foram tão somente o começo de tudo. O caminho a percorrer é longo e complicado, mas se não arregaçarmos as mangas, pagaremos, todos nós, um preço muito caro. Pensemos todos nós nisso."