O desastroso episódio da tentativa de escolha do vice de José Serra na chapa para a disputa à Presidência da República, marcado por uma sequência de erros de articulação política, expôs a fragilidade das relações entre democratas e tucanos.
O primeiro erro foi o de procedimento: Serra e Sérgio Guerra, presidente do PSDB, apresentaram o nome de Álvaro Dias para a vaga de vice primeiramente ao PTB, de Roberto Jefferson, e ao PPS, de Roberto Freire, partidos dos quais sabiam que receberiam apoio e afirmam que em seguida submeteriam a indicação ao DEM.
O presidente da legenda, Rodrigo Maia, já havia tornado público que não abriria mão da indicação do vice, a não ser que a vaga fosse para Aécio Neves. Logo, o comando do PSDB tinha claro que haveria resistência. Ao angariarem apoio dos outros aliados para indicar um vice de fora das hostes da legenda de Rodrigo Maia e só depois consultar o partido, os tucanos deixaram patente que os democratas não são aliados preferenciais, nem tampouco servem para figurar na foto ao lado de seu candidato.
O sinal de desprestígio ao DEM se agravou quando a informação da escolha de Álvaro Dias para vice tornou-se pública através de uma insuspeita mensagem no twitter do insuspeito Roberto Jefferson.
A atitude levou o DEM a espernear e a exigir uma vaga que já não lhe desejam dar, incorrendo num erro ainda maior: o de imaginar que pode impor no grito uma composição presidencial. A miopia dos democratas é grave, principalmente porque o partido não tem poder para fazer tal exigência, uma vez que nem sequer lhe resta a alternativa de romper com a aliança, seria o mesmo que cometer suicídio político.
Os tucanos agora estão diante da uma inacreditável encruzilhada, que lhes oferece várias opções, todas temerárias: convencer o DEM a aceitar, no mínimo, de cara amarrada, um candidato a vice que rejeitaram; ceder ao DEM agora e estabelecer uma relação baseada na chantagem e na falta de confiança; manter Álvaro Dias como vice e desmoralizar um aliado importante; desconvidar o senador e impor a um correligionário um desgaste gratuito para buscar outro nome.
Tanto o candidato tucano quis demonstrar que a escolha do vice seria algo menos importante, que agora o caso se transformou num problemão.
Demorou, mas a célebre indecisão tucana fez outro estrago.
Do Blog da Christina Lemos
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