Crescer rumo ao interior
Desafio é levar oportunidades de desenvolvimento decorrentes de investimentos de R$ 100 bilhões para todas as regiões, o que requer capacitação de recursos humanos
Três vezes governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB) considera que seu Estado oferece hoje uma das melhores oportunidades de investimento do país e está pronto para receber nos próximos anos um volume recorde de investimento, que deve contribuir para elevar o padrão de vida dos seis milhões de maranhenses. Primeira mulher brasileira a ser eleita e reeleita governadora, em 1994 e 1998, deputada federal mais votada do Maranhão, em 1990, e senadora em 2002, Roseana recebeu o cargo de Jackson Lago (PDT), cassado há um ano.
Socióloga, formada pela Universidade de Brasília (UnB), casada com o economista Jorge Murad e mão de dois filhos, Roseana Sarney é candidata a novo mandato como governadora do seu Estado.
As perspectivas para a economia brasileira são muito promissoras. E o Maranhão vive um momento especial. Mais de R$ 100 bilhões em investimentos públicos e privados devem chegar ao Estado nos próximos seis anos. Como isso vai impactar a economia local?
O grande volume de investimentos deve-se à volta da confiança na gestão governamental, na infraestrutura construída ao longo do tempo e que continua sendo modernizada, com novos investimentos públicos e privados em portos, ferrovias, estradas, energia e telecomunicação. Também são importantes as vantagens comparativas do Maranhão em setores-chave da economia brasileira, como o agronegócio, mineração, siderurgia e metalurgia, prospecção de gás e petróleo, alimentos e bebidas, construção civil e serviços. Nossa preocupação é preparar os maranhenses para que sejam os grandes beneficiários desse desenvolvimento econômico. Em parceria com as empresas, oferecemos curso de capacitação de recursos humanos, adaptando a rede de ensino técnico e as universidades para formar profissionais que atendam às novas demandas do mercado. Grande parte dos investimentos públicos que estavam paralisados foi retomada e muitos dos grandes investimentos privados, como a Refinaria Premium da Petrobras e a fábrica de celulose da Suzano, foram destravados e se encontram em andamento.
Como o governo pretende aproveitar os projetos de investimentos anunciados e promover a diversificação da economia?
Os projetos em implantação têm grande efeito estruturante e multiplicador. No caso da refinaria da Petrobras, são US$ 20 bilhões e 132 mil novos empregos, entre direitos, indiretos e por efeito-renda. O impacto na infraestrutura é imenso. Um novo porto será construído no Rio Mearim, em Bacabeira; a BR-135, que liga São Luís ao resto do Estado, será duplicada em quase 120 quilômetros; uma gama enorme de serviços e obras será ofertada não somente durante a construção, mas também na operação da refinaria. E aí estamos falando de habitação, hotelaria, comércio, segurança, transporte, manutenção e mecânica, engenharia e projetos e etc. No caso da celulose, somente em novas florestas serão plantados mais de 200 mil hectares de eucalipto. Diariamente, para abastecer a indústria, 250 caminhões transportarão madeira para a transformação em celulose. É uma nova era de oportunidades. Está sendo construída uma aciaria em Açailândia, do grupo Ferroeste; temos o Polo Gesseiro em Grajaú; em Balsas, em decorrência da grande produção de grãos, notadamente soja, desponta a produção de carne e de frangos; em Estreito, o consórcio Ceste, totalmente privado, constrói uma hidrelétrica de 1.087 MW; em Capinzal do Norte, o grupo EBX tem muita esperanças de encontrar grandes volumes de gás; na região oeste, há investimentos em mineração de ouro; na leste, em torno do município de Chapadinha, desenvolve-se plantação de grãos e florestas; em Miranda, a Geranorte inaugura uma térmica de 330 MW; em São Luís, o consórcio Alumar duplicou a refinaria de alumina e expandiu a produção de alumínio; a Vale deu início à construção do Píer IV e está aumentando significativamente a capacidade de transporte da Estrada de Ferro Carajás; temos a térmica da MPX e investimentos da Brascopper em semiacabados de alumínio. Tudo isso dissemina muitos negócios e oportunidades. Os projetos estão localizados em todas as regiões e temos buscado mais recursos para consolidar a infraestrutura, dotar o interior de condições para receber esses investimentos.
De que maneira esses investimentos anunciados poderiam transformar, além da economia, também a vida dos maranhenses?
Eu não tenho dúvida de que os grandes beneficiários desse boom econômico serão a população maranhense e os brasileiros que estão aqui nos ajudando nesse esforço de mudança e consolidação econômica. Para isso, iniciei, em parceria com as empresas privadas, programas de capacitação e treinamento. Estamos construindo 13 escolas técnicas federais espalhadas por todas as regiões do Estado; com a Petrobras, lançamos o Promimp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural), que irá qualificar cerca de 26 mil pessoas em diversas categorias. Estamos fazendo um grande esforço para preparar as pessoas para ocupar as centenas de milhares de empregos que esses projetos oferecem. Os novos postos de trabalho exigirão recursos humanos mais qualificados, com salários maiores. Daí nossa determinação em capacitar e treinar mão de obra que atenda às exigências desse novo mercado. O PIB do Maranhão e a massa salarial vão crescer significativamente nos próximos anos. Nossa preocupação é fazer com que todos os maranhenses sejam beneficiados. Os projetos estão sendo implantados em praticamente todas as regiões do Estado, o que significa desconcentração de riqueza e interiorização do desenvolvimento econômico.
O que estadual tem feito para tornar o Maranhão mais atraente aos investidores?
O Maranhão tem investido em estradas e no porto do Itaqui para eliminar os gargalos de logística e ampliar a capacidade de escoamento. Estamos investindo na recuperação e implantação de novos distritos industriais. Reformulamos a política de incentivos do Estado e criamos, em novembro do ano passado, o ProMaranhão. O programa oferece isenção de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), por um período que varia de 12,5 a 20 anos, para empresas que queiram se implantar ou ampliar sua capacidade de produção. Oferece também atrativos para áreas que consideramos estratégicas, como biomassa, energia renovável e tecnologia.
Fonte: Valor Econômico
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