Mapeamento divulgado pelo Ministério da Cultura mostra que 420 municípios não têm nenhum espaço público destinado à leitura
POR: Rafael Moraes Moura – O Estado de S.Paulo
Na era dos livros digitais e da proliferação de sites com obras disponíveis para download, apenas 29% das bibliotecas públicas municipais disponibilizam internet para seus usuários. Algumas localidades não ingressaram sequer na era dos livros de papel: dos 5.565 municípios brasileiros, 420 não têm nenhum espaço gratuito destinado à leitura.
Os números foram reunidos pelo 1.º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais, divulgado ontem pelo Ministério da Cultura. O mapeamento mostra que, de uma forma geral, o frequentador de biblioteca encontra uma série de carências nos centros de leitura do País.
Entre setembro e novembro do ano passado,12% dos municípios estavam em processo de implantação de suas bibliotecas públicas, 8% não tinham planos de criá-las e 1% iriam reabri-las.
O Maranhão lidera o ranking dos municípios sem espaços para leitura (62), seguido por São Paulo (51). “São dados desafiadores”, disse a presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia, Nêmora Rodrigues. Ela atribui o problema à pouca mobilização dos gestores. “Falta conscientização dos dirigentes para a importância da biblioteca.”
Para o diretor de Livro, Leitura e Literatura do Ministério da Cultura, Fabiano Piúba, é necessário um trabalho de conscientização para que os prefeitos reconheçam a importância de oferecer um espaço de leitura.
Ele comentou, sem citar nomes, que pelo menos cinco municípios sinalizaram que não tinham interesse em receber uma biblioteca. “Estaremos fadados ao fracasso social, econômico e educacional se não inserirmos a política de livro e leitura para o desenvolvimento do Brasil.”
O ministério lançou edital para investir R$ 30,6 milhões em 300 bibliotecas do País. O objetivo é atender a prefeituras e Estados, que devem se inscrever até 15 de junho para pleitear a verba.
Variações regionais. De acordo com o censo, o retrato da leitura não é homogêneo no País. Os nordestinos, por exemplo, são os visitantes mais assíduos de bibliotecas. A média de frequência entre os usuários por lá é de 2,6 vezes por semana, mais que o 1,9 do índice nacional. O Nordeste também apresenta o maior porcentual de bibliotecas com funcionamento noturno – 46% delas abrem também à noite.
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