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O voto e a ética



O voto e a ética


É a época da grande pausa nacional para comemorar a virada do ano, com os tradicionais balanços do passado e a fartura de previsões para o futuro. A tônica da avaliação de 2011: o Brasil registra saldos positivos, em especial aqueles decorrentes da estabilidade político-econômica que está possibilitando a travessia relativamente tranquila da crise que abala os Estados Unidos e a Europa.

Enquanto brilha nos fóruns e na imprensa internacional como emergente de sucesso, o país também merece espaço nas páginas dedicadas aos escândalos de corrupção, envolvendo políticos e funcionários públicos de todos os escalões que confundem o erário com seus interesses particulares.

Um olhar mais atento sobre esse cenário negativo, entretanto, remete a um aspecto que, pelo menos para os menos pessimistas, alimenta a esperança de que a ética venha, finalmente, conquistar importância na vida da nação. Trata-se da reação da sociedade aos descalabros que pipocam nas manchetes. Primeiro, foi a Lei da Ficha Limpa, avanço animador, apesar de não estar ainda em plena vigência. Segundo, foi o aumento da vigilância sobre o comportamento dos políticos propiciado pela disseminação das redes sociais na internet. Mais recentemente, são as passeatas que já atraem alguns milhares de cidadãos para protestar contra a corrupção e a impunidade que, há séculos, impera no Brasil.

É necessário agora, com a proximidade das eleições municipais, prosseguir com a pressão a favor da ética. O primeiro passo cabe novamente ao eleitor, que, ao clicar seu voto para prefeito e vereador na urna eletrônica, estará exercendo o maior direito da cidadania: decidir a quem vai entregar o poder de administrar o município onde cada um de nós vive, educa os filhos, mantém o lar e o emprego, desfruta momentos de lazer. Portanto, ao eleger o prefeito e o vereador para os próximos quatro anos, cada um de nós deve fazer criteriosa reflexão, pois estaremos escolhendo em que tipo de cidade queremos viver. Pode ser numa bem gerenciada, onde o nosso imposto reverterá em benefícios para todos, graças a investimentos em saneamento básico, transporte, segurança, saúde, educação e outros serviços. Ou pode ser numa cidade mal administrada, na qual os recursos públicos serão malbaratados ou desviados pelos maus políticos para aumentar patrimônios particulares ou rechear cofres de campanhas partidárias em eleições futuras.

E não se enganem os legisladores que estabelecem as normas para as eleições, pois novos tempos já podem estar chegando e a memória dos cidadãos certamente não é mais tão curta. Seria recomendável que eles se antecipassem e, com a velocidade do século 21, criassem leis modernas que — por exemplo — ajudem a coibir abusos, facilitem o alijamento dos corruptos, proíbam o abandono de cargos eletivos antes do término do mandato para disputar eleição. É o caso de deputados que deixarão a Câmara ou a Assembleia Legislativa para se candidatarem a prefeito em outubro.

A ética também será bom balizador para nortear as próximas campanhas eleitorais, visando em especial à conquista do apoio dos multiplicadores de opinião, ou seja, daquelas pessoas que influenciam um bom contingente de eleitores. Assim, será aconselhável evitar as promessas exageradas e demagógicas, os compromissos espúrios para selar apoios (que geralmente são estabelecidos na penumbra, mas sempre tendem a vir à luz); e por aí vai. Como aprender nunca é demais, principalmente, nesta era do conhecimento, os candidatos que vierem a ser eleitos poderiam dedicar algum tempo antes da posse para adquirir ou reciclar as noções modernas de gestão pública e as informações sobre a real situação dos municípios que terão a responsabilidade de administrar nos próximos quatro anos.

Ao equacionar os recursos com que poderão contar para enfrentar os problemas sociais que afligem praticamente todos os 5.561 municípios brasileiros, os futuros eleitos não devem esquecer que o Executivo e o Legislativo municipais podem — e precisam — participar ativamente das políticas nacionais de assistência social, em conjunto com os governos federal e estadual, tanto na execução dos programas quanto na divisão dos recursos para isso alocados. Como, certamente, tais recursos serão insuficientes diante da dimensão dos problemas, o administrador público de visão identificará nas entidades privadas filantrópicas um eficiente manancial de parceiros e colaboradores dispostos a dedicar o máximo de esforços para transformar o Brasil no país com que todos sonhamos. E isso, o mais cedo possível.

EXTRAIDO DO : PORTAL CLIPPING-MP
Autor(es): Ruy Martins Altenfelder Silva
Correio Braziliense - 11/01/2012
Presidente do Conselho Diretor do CIEE Nacional, do Conselho de Administração do CIEE e da Academia Paulista de Letras Jurídicas

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