Ricardo Galhardo, enviado, e Andréia Sadi, iG Brasília
Presidente fez ao lado da presidenta eleita seu primeiro pronunciamento desde a vitória do PT nas urnas, no domingoEm seu primeiro pronunciamento desde a vitória de Dilma Rousseff nas urnas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou dar o recado de que não vai interferir no governo de sua sucessora. Segundo Lula, Dilma tem todas as condições de comandar o País e garantiu que o governo de Dilma será 'só dela'.
Lula disse que Dilma poderá montar uma equipe 'excepcional', já que conhece mais gente do que ele próprio conhecia quando assumiu, em 2002. 'Se o time não tiver treinado, com muita harmonia entre os jogadores, o jogo não pode dar certo', disse Lula. 'Ela vai montar uma equipe excepcional.'
A entrevista conjunta de Lula e Dilma foi concedida após a presidenta eleita participar de um café da manhã com seu vice, deputado Michel Temer (PMDB-SP), indicado ontem para compor a equipe de transição. Do encontro com o peemedebista, Dilma seguiu para o Palácio do Planalto para o primeiro pronunciamento ao lado do presidente.
Lula disse que o governo de Dilma tem que ter 'a cara' dela, inclusive no que se refere à composição. 'É ela e, somente ela, que tem que dizer quem ela quer. O ex-presidente não indica e não veta”, disse Lula. “Tenho acompanhado a imprensa e eu já vi governo montado, destituído, cargo indicado para tudo quanto é lado. Eu acho importante dizer uma coisa para vocês. Eu fui eleito em 2002 e tenho a exata sensação da montagem do governo. Você levanta pela manhã, olha o jornal e tem a foto de uma pessoa ali que você nunca pensou em colocar no governo e está lá como escolhido (..)É um samba do crioulo doido”, afirmou o presidente.
Sobre a transição, Lula disse que ao contrário do que ocorreu com ele próprio em 2002, Dilma vai pegar a casa funcionando. Com as tradicionais metáforas, o presidente e comparou com carro. “O carro está na garagem. O carro está andando a 120 por hora e se ela quiser pode acelerar um pouco mais. Ela só tem que dirigir com responsabilidade.”
O presidente alfinetou a oposição ao dizer que “quando a gente perde a gente fica sisudo”, em referência ao candidato derrotado José Serra, do PSDB, mas disse que Dilma é outra pessoa. “Queria pedir que a oposição, a partir do 1º de janeiro, contra mim pode continuar raivoso, mas que eles torcessem pelo Brasil e ajudassem a dar certo (..) Dentro do Congresso, que a oposição não faça contra Dilma a política que fez comigo, a do estômago, da vingança”, declarou.
Dilma, que assumiu os microfones logo em seguida, falou, por exemplo, sobre algumas medidas que planeja para o novo governo. Ela garantiu, por exemplo, que não tem planos de encaminhar proposta para recriar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), cuja extinção marcou uma das maiores derrotas do governo Lula no Congresso. Dilma disse ainda que tratará como prioridade a condução de obras de infraestrutura.
Dilma também falou sobre sua militância contra a ditadura. Repetindo uma colocação feita logo antes pelo presidente, a presidenta eleita disse que a história vai mostrar se ela errou ao lutar contra o regime. “Nós temos o mérito. Nós lutamos, com a cabeça que a gente tinha, e concepções que a gente tinha, lutamos. Se a gente cometeu erros ou não, a história dirá.”
Dilma voltou a falar sobre o tratamento que pretende dar ao Movimento dos Sem-Terra. “O MST não é um caso de polícia. Eu não vou dar margem para nenhum tipo de Eldorado dos Carajás”, afirmou. “Agora, eu não dou margem para irregularidade.”
STF
Lula disse que já está decidido o 11º ministro, mas não adiantou o nome. “Eu achei prudente não indicá-lo antes de conversar com quem fosse eleito. Como Dilma foi eleita, estou falando com ela aqui. Nome já tem, mas essas coisas a gente não conta”, disse
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