do Blog do Décio
A Dilma deve ser a futura presidente. É quase impossível o Serra reverter esse quadro;
Essa importância que atribuem ao marqueteiro não é verdadeira. Isso é meio fantasioso;
Não posso ser visto como quem decide eleição. A gente potencializa as chances do candidato;
Ser contra ou a favor de Sarney não é o mais relevante. Relevante é saber o que você fez pela sua cidade.
Fazendo 15 campanhas pelo país, o marqueteiro Duda Mendonça diz nessa entrevista exclusiva a O Estado que o trabalho dele é “potencializar” o discurso do candidato no sentido de ajudá-lo a vencer a eleição. E desconversa quando o assunto é a possível vitória da candidata Roseana Sarney (PMDB) no primeiro turno. “Eu acho que ela vai ganhar. Se vai ganhar no primeiro ou no segundo, é o povo quem vai decidir. Se quiser acabar logo no primeiro turno acaba; se quiser esperar mais uns 20 dias, a gente ganha do mesmo jeito”, disse.
O marqueteiro mais famoso do país critica os ataques feitos durante a campanha, comenta sobre a oposição no Maranhão e o velho debate em relação ao grupo Sarney. Segundo ele, o “povo brasileiro está ficando esperto”, levando mais em conta os resultados que pode obter com o governo de determinado político e não outros fatos atribuídos a ele. Abaixo, a íntegra da entrevista:
O Estado – Como o senhor analisa a campanha em todo o país?
Duda Mendonça - É uma campanha diferenciada. Primeiro foi a primeira campanha da entrada do Lula e agora é a da saída do Lula. Realmente o povo brasileiro começou a compreender que através da política pode mudar sua vida. Isso deu a todo mundo a responsabilidade maior de votar. O povo está escolhendo melhor: quem realmente pode melhorar minha vida e quem não pode. Está julgando resultados. Está olhando a eleição de forma mais racional. Quem é que tem condição de fazer o melhor para mim? Está aliado com quem? Isso é muito importante. É lógico que um presidente, um governador tem de melhorar a situação de todos. Mas, se for do mesmo partido e ligado, cria facilidades. O Lula está mudando muita coisa. Tenho a impressão que a gente vai continuar no mesmo caminho, crescendo mais. De uma forma geral, os governantes bem avaliados estão sendo reeleitos. Isso é sinal de que o povo não quer correr riscos. Mudar pra quê, se está dando certo?
O Estado – Então é difícil para Serra reverter esse cenário com Dilma 24, 25 pontos à frente?
Duda – É quase impossível. Se não acontecer nada, eu acho que a Dilma é a futura presidente da República com a força do Lula. Quando começou o horário eleitoral, ela mostrou o conhecimento que tem de Brasil, mostrou que é bem preparada. A Dilma, tudo indica, vai ter um panorama para governar até mais fácil que Lula. Eles vão eleger muitos senadores e a dificuldade que o Lula tinha no Senado, a Dilma passará a não ter.
O Estado – E essa questão da quebra do sigilo que o PSDB está insistindo muito…
Duda – Isso fica restrito a uma elite, a uma cidade, basicamente São Paulo. Sabe o que acontece? Independentemente do que aconteceu, do que não aconteceu – acho que as coisas têm de ser apuradas e se houve erros devem ser punidos – mas isso, coincidentemente, na época da eleição, para o povão, é fuxico de campanha. Porque isso acontece durante uma campanha e depois some. Esse é o jogo. É o sagrado direito de espernear que todos têm.
O Estado – Hoje os políticos estão muito dependentes dos marqueteiros. Isso significa a profissionalização da política ou seu enfraquecimento?
Duda – Acho que significa simplesmente a evolução. Essa importância que atribuem ao marqueteiro não é verdadeira – é meio fantasioso. Acontece que alguns políticos já tinham essa intuição natural e faziam seu marketing. Outros não. São bons executivos, mas não olham o lado estratégico. Na verdade, o que um marqueteiro faz hoje é adequar o discurso ao canal de divulgação. É uma coisa técnica. Exemplo: um governante pode ser um excelente político, mas não sabe como construir uma ponte. E nem precisa saber. Precisa contratar um especialista para aquela área. A questão do marqueteiro existe no mundo inteiro e vai continuar a existir. Não tem essa importância que as pessoas atribuem. Graça a Deus! Acho que o marqueteiro ajuda na vitória, potencializa, faz as coisas direitas. Mas não é ele o responsável pela vitória. O responsável pela vitória é o candidato, seus projetos e seus apoios políticos. É a política quem decide, sem dúvida. O marqueteiro é apenas um instrumento de ajuda. É uma peça. É sempre assim: quando a gente ganha, a vitória é do candidato; quando perde, é do marqueteiro. É que nem técnico de futebol.
O Estado – Então, o Duda Mendonça não tem essa importância toda?
Duda – Graças a Deus que não! A importância do Duda é ser um assessor que tem muita experiência e ajuda. Eu não posso ser visto como uma pessoa que decide a eleição. Acho que a gente potencializa os argumentos do candidato. Não é só Duda. Aqui tem uma equipe inteira. Estamos fazendo 15 campanhas nesse momento. A gente já sabe de alguma coisa. Nossa participação é potencializar as chances do candidato. Isso a gente consegue fazer. Agora, se ele ganha ou não ganha, é a vontade do povo. Seria muita responsabilidade. A gente ganha e perde e dá sorte de pegar bons candidatos – e aí facilita.
O Estado – O senhor nunca pensou em entrar em política?
Duda – Não.
O Estado – O senhor disse em reunião da candidata Roseana Sarney que eleição se vence é no boteco…
Duda – Sem dúvidas. O que a gente faz? Dá informações e argumentos para que no bar, no futebol, na praia, no metrô, no ônibus, na escola, as pessoas conversem e cada uma use seus argumentos e aquilo vai formando uma opinião. Quem fez mostra o que fez, e aí não tem jeito. O povo brasileiro está muito esperto. A cada campanha aprende mais. Não adianta bater. Aqueles que batem perdem, e perdem feio. Há mais de 10 anos que eu digo isso. O povo não leva mais em conta esses ataques. Ele quer propostas. O horário eleitoral é feito para você dizer o que pode fazer e o povo olha: “puxa, esse cara tem propostas mais interessantes para mim, credibilidade no que faz”. E aí ele vai escolhendo o voto dele.
O Estado – Aqui os adversários têm batido muito na Roseana…
Duda – Eu acho ótimo quando batem porque eles caem. O povo não gosta disso. Só para você ver, a Roseana não bate em ninguém e é ela quem lidera todas as pesquisas.
O Estado – Como o senhor vê esse interminável debate sobre a “oligarquia Sarney”?
Duda – Esse é um discurso velho. O tempo vai rearrumando as coisas. O que interessa hoje é resultado. A Roseana chegou e em um ano fez muita coisa. Ninguém pode dizer que não porque não é inventado. Ela fez. Estão aí os hospitais, as estradas, os investimentos… A cidade mudou. As pessoas têm condições de checar isso. As obras estão na rua. O povo quer isso: menos discurso e mais resultado. O povo aprendeu que é possível, sim, o político mudar sua vida. E os políticos também descobriram que, se eles melhorarem a vida do povo, serão reeleitos. Acabou o tempo de enganar. Se ele não fizer um bom governo, não vai ser reeleito. De uma certa forma, a visão do povo mudou e mudou também a visão do governador, do prefeito e do presidente. No dia que ele toma posse, já sabe que é candidato à reeleição e vai ser fácil ou vai ser impossível a depender do trabalho. Se ele cai em campo e faz, o povo o reelege. Se ele não cai em campo e não faz, ele perde a próxima eleição. O povo começa a fiscalizar mais e a votar em quem dá resultado. E o político tem a obrigação de dar resultado, sobretudo para o povo mais pobre que descobriu sua força. É quem elege.
O Estado – O senhor participou das eleições de 2008 em São Luís, portanto, já conhece alguns políticos locais de oposição. Como o senhor analisaria esse enfrentamento deles com o grupo Sarney?
Duda – Talvez essa eleição marque o fim dessa história. Acompanhei muito isso na Bahia. A eleição girava contra o Antonio Carlos Magalhães. A própria oposição ficava impedida de criar novos caminhos. Acho que aqui essa coisa do lado e do contra Sarney a tendência agora é acabar. Nas próximas eleições vão surgir novas idéias e novos pontos de vista. Ser contra ou a favor de Sarney não é o mais relevante. O mais relevante é saber o que você fez pela sua cidade. O que você pode fazer mais. O povo descobriu isso. A chegada do Lula veio quebrar todos esses paradigmas. A família Sarney já fez muita coisa pelo Maranhão.E se fez algo de errado eles pagarão. O que interessa é virar a página. Daqui para a frente as pessoas cada vez mais querem resultados. E os resultados estão aí. O trabalho da Roseana está visto e a cidade está aprovando. Se ela fez o que fez em um ano e se continuar nesse ritmo, meu Deus! Ela vai eleger o sucessor porque é isso que as pessoas querem. O Lula está aí. Passou quatro anos e se reelegeu. Agora vai eleger a Dilma. E se quiser voltar, tem tudo para voltar, se a Dilma continuar fazendo exatamente o que ele fez. Time que está ganhando não se muda.
O Estado – E como está a campanha de Roseana?
Duda – A campanha está maravilhosa. A estratégia está perfeita. A Roseana tem pregado a paz. É isso que as pessoas querem. Ela evoluiu, sofreu. Não adianta semear esta briga. Essa coisa da política de briga é uma coisa antiga e está mudando em todo lugar do país. Na eleição, os candidatos são adversários e não necessariamente inimigos. Depois que acabar a eleição, eles têm de encontrar uma forma, mesmo sendo de partidos diferentes, de procurar ajudar porque senão quem perde é o povo. A Roseana vem com essa mentalidade, de deixar o passado e as brigas pra lá e governar com todos. E isso as pessoas estão vendo na prática, que é o melhor para o Maranhão.
O Estado – Ela vence no primeiro turno?
Duda – Eu acho que a Roseana vai ganhar. A gente tem de trabalhar dobrado. Se vai ganhar no primeiro ou no segundo, é o povo quem vai decidir. Acho que ela tem de trabalhar. Ela está bem, mostrando o que ela faz, os projetos… No dia 3 de outubro, o povo vota. Se quiser acabar logo no primeiro turno, acaba. Se quiser esperar mais uns 20 dias, a gente ganha do mesmo jeito.
O Estado – E os candidatos ao Senado João Alberto e Edison Lobão. Vai todo mundo embarcar nesse trem da vitória?
Duda – Não tenho dúvidas. O Lula tomou um cuidado este ano e a Dilma vai ter facilidade para governar. Ele viu como às vezes é difícil governar com o Senado contra e está elegendo muitos senadores. O Lobão e o João Alberto são políticos fortes e tudo indica que os dois serão eleitos também. O grupo da Roseana e da Dilma está fortalecido no Brasil inteiro. O governo deve fazer a maioria no Senado, e isso é muito bom.
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