Da Agência Senado:
Porto Nacional (TO) – Ao inaugurar ontem, em Tocantins, trecho de 251 km da Ferrovia Norte-Sul o presidente Lula homenageou o presidente do Senado, José Sarney, a quem chamou de “companheiro e amigo” e, por duas vezes, fez mea-culpa. “Quando o Sarney (então presidente da República) anunciou a Norte-Sul, incrédulos como somos, ao invés de procurar conversar para saber como era, fizemos coro contra. Eu nem conhecia o projeto e já era contra”, enfatizou Lula em Porto Nacional (TO), repetindo o dito, pouco antes, em Palmas (TO). “Essa obra foi lançada pelo presidente Sarney em 1987. Eu era deputado constituinte e, durante muito tempo, fiz críticas dizendo que ia ligar o nada ao nada”.
Emocionado e, como Lula, também de improviso, Sarney falou de seus 60 anos de vida política, relembrou o longo período de isolamento da região, hoje cortada pela Norte-Sul. “Na solidão onde não passava nada, hoje passam os trilhos”, poetou para reforçar:”Assisti a história como protagonista e como expectador, mas nunca vi um presidente como Lula da Silva. Agradeço a sorte de terminar os anos que me restam na política ao lado de Lula, que transforma o Brasil”.
Agradecimentos a Lula e Sarney marcaram os discursos da prefeita de Porto Nacional, Tereza Martins, do presidente da Valec, José Francisco das Neves, do vice-governador de Tocantins, Eduardo Machado, do Ministro dos Transportes, Mauro Barbosa, e do governador de Goiás, Alcides Rodrigues.
A pedido de Lula, durante alguns minutos, os maquinistas soaram os apitos das locomotivas para marcar a inauguração. “Nem precisa de discurso, porque o apito é o progresso que está passando”, disse o presidente da República. E, em tom de prestação de contas, emendou números dos feitos nesses sete anos de governo. Lembrou, por exemplo, que Sarney deixou prontas 115 km da Norte Sul. Em 13 anos, Collor, Itamar e Fernando Henrique Cardoso fizeram “apenas outros 100 km”. Enquanto ao final de seu governo serão mais de 6.000 km de ferrovias construídos.
Sarney encerrou seu discurso, agradecendo a Lula, “de coração, a gentileza que sempre tem comigo”, para reforçar: “O que demonstra que, além de energia e competência, Lula tem também bondade”.
Norte-Sul do governo Sarney
Proposta e iniciada na presidência de José Sarney – as obras começaram em 1987 – a Ferrovia Norte-Sul foi duramente criticada pela oposição à época, o que acabou por emperrar o seu andamento. Mas foi exatamente Lula, um dos maiores críticos do projeto, quem o retomou quando assumiu a presidência em 2003. O presidente não apenas acelerou a construção — que vinha a ritmo de praticamente 10 km/ano – como também duplicou sua extensão. O traçado inicial previa a construção de 1 mil 550 quilômetros de trilhos, cortando os estados do Maranhão, Tocantins e Goiás. Em maio de 2008, medida provisória do Executivo ampliou o traçado para 3.500 km, incorporando os trechos Açailândia(MA) a Belém(PA) e Anápolis(GO) a Panorama(SP).
Quando lançou o projeto, o presidente Sarney pretendia maior integração nacional. O objetivo era diminuir custos, interligando as regiões Norte e Nordeste às Sul e Sudeste, chegando 5 mil quilômetros com conexões de ferrovias privadas. Era o fortalecimento da infra-estrutura de transporte, necessária ao escoamento da produção agropecuária e agro-industrial. Assim se permitiria também a redução de desequilíbrios econômicos regionais, com melhoria da qualidade de vida da população. Hoje, nas palavras do presidente Lula, o objetivo das ferrovias é fazer com que elas funcionem como uma “espinha de peixe”, interligando todos os estados brasileiros. “A gente vai fazer como se fosse uma espinha de peixe, uma grande ferrovia atravessando todo o território nacional (…) Tudo isso significa mais ou menos quase 6 mil km de ferrovia que pretendemos até 2012, 2013 estar terminando no Brasil “, disse, na inauguração do novo trecho em Tocantins. Leia mais aqui.
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