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Bem-aventurados os que sonham

Bem-aventurados os que sonham: "



do blog: Joaquim Nagib Haickel

Assisti recentemente ao filme “A Origem”, dirigido pelo excelente Christopher Nolan e estrelado por um maduro Leonardo diCaprio.


O filme trás à baila uma antiga discussão sobre as possíveis dimensões ou camadas da consciência humana e coloca em cena a obscura, mas atraente função do sonho como espécie de lubrificante de nossas engrenagens psicológicas, ao mesmo tempo em que o estabelece como combustível essencial por um lado, ainda que alternativo por outro, para que atinjamos nossos objetivos na vida.


No filme, o sonho passa a ser tão importante quanto a realidade, de tal maneira que pessoas se especializam em invadir o sonho dos outros, raqueiam suas mentes, apoderam-se de seus segredos e mudam os destinos de todos.


Quando era criança, eu praticava uma técnica inventada por mim mesmo, que consistia em programar ou induzir o sonho que eu queria ter. Bastava que eu idealizasse exaustivamente um enredo antes de adormecer. Fazia isso com tanta freqüência que meus sonhos passaram a fazer parte de minha realidade e de certa forma compunham meu dia a dia, compensando, completando ou suprindo o que não existia ou não acontecia enquanto estava acordado.


Acredito que boa parte de minha aptidão com a literatura e o cinema venha daí. Criava meus roteiros dentro de minha cabeça, e eles se transformavam em filmes nos meus sonhos, projetados na fase REM, reservada exclusivamente para esse dispositivo cinematográfico interno que nós humanos temos e que imagino que realmente possa um dia servir como porta para uma outra dimensão, ainda desconhecida.


Usei essa introdução para contar sobre uma experiência parecida com essa que tive muito recentemente.


Depois de um dia exaustivo de trabalho, tendo passado a manhã inteira na Assembléia, limpando a pauta de projetos a serem apreciados e votados e toda a tarde atendendo às pessoas que procuraram o comitê de nossa coligação eleitoral, e por fim, à noite participando de uma reunião do comando da campanha, finalmente cheguei em casa. Tomei um bom banho e me deitei para dormir, não sem antes dar um beijo em minha mulher de quem passara todo o dia distante. Conversamos um pouco e sem sentirmos, tanto ela quanto eu, fomos adormecendo.


Sonhei que eu havia me elegido governador de meu Estado, que não era o Maranhão. O cenário era outro, os personagens eram outros, mas o lugar era bem parecido com aqui, com esse mesmo incrível potencial.


Eu era uma espécie de peixe fora d’água. Em pleno sonho, fiz uma autocrítica e me comparei ao personagem de James Stewart em “Mr. Smith goes to Washington”.


Era candidato a vice-governador, graças a uma barganha de meu partido, e fui alçado à condição de titular do cargo porque o cidadão que era a cabeça de minha chapa faleceu uma semana antes do pleito, vítima de infarto fulminante. Em meu sonho o candidato a governador era meu pai, Nagib Haickel, só que no sonho eu não era seu filho.


Depois da vitória e das comemorações meu sonho pula para meses na frente, quando estava dando posse ao secretariado de estado.


Como governador eleito, tendo sido um mero substituto, me senti no dever e na obrigação de aproveitar a oportunidade para mudar o rumo da história de minha terra. Chamei as pessoas mais qualificadas, capazes de realmente mudar o panorama das coisas, mas sempre agindo partidariamente, com lealdade, correção e eficiência.


Fiz uma profunda reforma administrativa. Criei uma Secretaria de Governo, função de uma espécie de primeiro ministro, de minha total confiança, alguém ungido por mim, obedecendo ao preceito básico de que “não se nomeia quem não se pode demitir”. Solucionei esse problema estabelecendo que no ato da posse, todos os secretários assinassem um pedido de demissão com a data em branco.


Descentralizei a administração criando secretarias regionais realmente autônomas, mas comandadas por um Secretario Geral das Administrações Regionais. Juntei secretarias com funções similares como Educação, Cultura e Esportes, indicando para ela um secretário respeitado e prestigiado e quantos subsecretários fossem necessários para execução de um plano de governo simples, mas revolucionário para aquele setor.


Nessa mesma linha, criei uma Secretaria de Promoção Social, que trataria dos assuntos das crianças, dos jovens, dos idosos, dos negros, das mulheres e das minorias.


Reunificaria a Agricultura, dando as funções executivas de cada área a um secretario adjunto capaz de fazer o Estado encontrar a sua grande vocação agrícola.


Uni Indústria e Comércio a Minas e Energia e fiz um grande eixo de desenvolvimento, responsável em viabilizar a tão sonhada industrialização do Estado, baseando-a em nossa independência energética.


Algumas Secretarias não mudariam em muita coisa (me refiro a sua estrutura!), como Saúde, Obras, Meio-Ambiente, Ciência e Tecnologia, Turismo… Mas passariam a ser como as outras, extremamente cobradas no sentido de apresentarem resultados verdadeiramente positivos, tendo rendimento semelhante ao da iniciativa privada.


Meu sonho dá então um novo salto temporal e eu apareço velhinho, de terno branco de linho, bengala e chapéu, andando por uma praça. Quem me visse certamente se lembraria do coronel Ramiro Bastos, personagem magistralmente interpretado por Paulo Gracindo na novela Gabriela, baseada na obra de Jorge Amado.


Sento em um banco da praça e ao levantar a cabeça contemplo uma estátua, ao estilo Benedito Leite, só que erigida em minha homenagem.


Aparece então um menino, que na verdade era eu quando criança, que se senta ao meu lado e pergunta sobre o homem da estátua, ao que respondo com misto de orgulho e satisfação: “Foi um menino assim como você. Ele sonhava muito e teve a oportunidade de realizar seu sonho, com isso mudou seu destino e o destino de seu povo”.


Acordei assustado, mas ainda sentindo o prazer de ter podido, pelo menos em sonho, viver aquilo tudo.

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