do Correio de Imperatriz
A tranquilidade da manhã de domingo, no Aeroporto Internacional de Belém, foi quebrada por um fato que teve como pano de fundo a questão do racismo. Durante o check-in de um voo para Brasília, o pastor evangélico Petrônio Alves da Silva, que se considera negro, foi acusado de praticar o crime de injúria racial contra uma funcionária da empresa TAM. Ele foi detido após ter chamado a agente de aeroporto Brena Ribeiro de “neguinha folgada”.
O pastor Petrônio foi preso em flagrante por agentes da Polícia Federal e encaminhado para a delegacia da Polícia Civil do aeroporto. Ele foi autuado e pode pegar até três anos de prisão em caso de condenação.
Brena Ribeiro relatou que, por volta das 5h de ontem, estava atendendo os passageiros que faziam o check-in para viajarem para Brasília, quando, de acordo com Brena, solicitou ao pastor Petrônio um documento de identificação e este entregou um documento sem validade. A situação teria contrariado o pastor, que se sentiu ofendido.
Logo depois, ao pesar a bagagem do pastor, Brena comunicou a Petrônio que havia um excedente de peso nas bagagens e que ele teria que pagar um valor adicional. “Ele ficou irritado e disse: ‘você é uma neguinha folgada’”, relatou Brena.
Após ouvir a ofensa de cunho racista, Brena comunicou o fato aos policiais federais que trabalham no local. Outro funcionário da TAM e dois passageiros que estavam na fila aguardando atendimento confirmaram que ouviram o pastor dizer a frase a Brena. Ele recebeu voz de prisão e foi encaminhado para a delegacia.
Antes de ser feito o procedimento policial, o pastor teria pedido desculpas à funcionária da TAM, porém Brena não aceitou o pedido e decidiu registrar a ocorrência contra o pastor.
A informação foi confirmada pela delegada Ana Guedes, da delegacia da Polícia Civil que fica dentro do aeroporto. “Ele já está bastante arrependido. Pediu perdão, mas, como era vontade da vítima, ela manteve a denúncia”, explicou.
O procedimento foi aberto contra o pastor Petrônio, que foi autuado pelo crime de injúria racial. Na saída da delegacia, a caminho do Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves”, para exame de corpo de delito, Petrônio falou com a imprensa. “Não há arrependimento. Estou me sentindo vítima. Na hora, ela (Brena) começou a me atender mal, não ‘de bom dia’ (sic). Me senti descriminado e disse que não poderia haver situação de racismo entre dois negros. Não disse nada disso. Ela está se valendo de uma situação que não existiu. Tenho testemunhas que não falei isso”, disse o pastor.
Apesar de negar a acusação, a delegada Ana Guedes autuou o pastor pelo crime de injúria racial. A pena para este tipo de crime é de 1 até 3 anos de reclusão.
Solto
O pastor Petrônio foi encaminhado, ontem no final da manhã, para uma cela especial, pois tem formação superior. O crime de injúria racial é inafiançável na polícia. Por isso, a defesa de Petrônio solicitou ao juiz de plantão no Fórum Criminal um hábeas corpus liberatório para que o acusado responda ao caso em liberdade. No final da tarde, ele pagou fiança e foi liberado.
Diário do Pará
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