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Diretor de beijo gay eleitoral diz que não queria chocar

Diretor de beijo gay eleitoral diz que não queria chocar: "

Rodrigo Rodrigues, iG São Paulo

A cena gay exibida no programa do PSOL recebeu críticas até do responsável pelo primeiro beijo entre homens da TV brasileira

Foto: Reprodução

Alvo de críticas de diversas lideranças religiosas e de políticos conservadores, o diretor do programa do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), que exibiu um beijo gay entre dois jovens durante o horário eleitoral, afirma que não teve a intenção de causar polêmica ou escandalizar as famílias brasileiras com o filme. Arquiteto e diretor de peças publicitárias do PSOL desde 2008, Pedro Ekman diz que se surpreendeu com o tamanho da polêmica causada pelo filme, mesmo avaliando que a peça geraria reações.


“Apesar da política ainda ser conservadora, nós temos a maior Parada Gay do mundo e já deveríamos estar acostumado com essas cenas”, diz o diretor. “Qualquer um que anda pelas ruas da cidade ou vê telejornal já se deparou com dois homens de mãos dadas ou trocando um beijo”, completa.


Segundo Ekman, a discussão é fruto de uma sociedade ainda conservadora, que se recusa a tratar os temas que já fazem parte dos dia-a-dia do País. O diretor defende que o horário eleitoral represente toda a diversidade social do Brasil e marca posição sobre as reais discussões do cotidiano. “A eleição existe justamente porque não existem consensos totais da sociedade. É justamente uma disputa de projetos e visões de mundo', argumenta. 'O que tem acontecido muito nas campanhas é que as propostas são muito pasteurizadas. Os candidatos ficam discutindo nuances. As propostas de fato não aparecem, porque há divergências muito grandes. Existe um consenso dos marqueiteiros que se você entra em questões muito divergentes, você diminui suas possibilidades eleitorais”, explica o diretor.


O candidato Paulo Búfalo, do PSOL, que autorizou a exibição da peça durante o seu horário eleitoral, diz que as pessoas deveriam se chocar não apenas com as demonstrações de carinho, mas com a violência e o preconceito contra grupos étnicos ou sexuais, diariamente expostas nos telejornais. “Nós avaliamos que as demonstrações de carinho precisam sem mostradas. São manifestações legítimas e mostra que o Estado precisa ter políticas públicas para isso. Esse debate não aparece nas campanhas por conta de um forte conservadorismo vigente', diz ele. 'Não posso querer governar um Estado apenas em virtude dos princípios religiosos ou puramente ideológicos. O Estado precisa ser laico, precisa ser democrático. Precisa combater a homofobia nas suas políticas”, rebate Búfalo.


Diversidade


Pedro Ekman afirma que a intenção do PSOL não foi chocar ou escandalizar, mas mostrar a diversidade, que é o tema central do programa exibido no último dia 18 no horário eleitoral. “No filme aparecem negros, japoneses e ruivas. Mulheres, crianças, gays, gente magra e gorda. A questão homossexual é apenas uma das faces que compõem o filme e o partido”, explica o diretor.


Apesar da proposta da campanha ter sido a de celebrar a diversidade, Ekman assume que a polêmica foi absolutamente calculada pela coordenação do PSOL paulista. “Não é uma peça ingênua. Não foi a intenção central causar polêmica, mas também não foi totalmente despretensiosa. A construção é uma construção honesta. Como o partido é um espaço para a diversidade, isso é pra valer. Não é no meio do caminho. Por isso o PSOL revolveu bancar a exibição do programa”, conta ele.


O diretor também nega que a intenção da campanha tenha sido a de atrair a atenção do público gay, conquistando os votos dessa parcela significativa do eleitorado, que segundo o censo de 2006 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) somam mais de 12,6 milhões no Brasil. Segundo ele, funciona pouco a ideia de que corintiano vota em corintiano, gay vota em gay, branco vota em branco. 'Não existe uma transferência automática de votos porque você afirmou uma bandeira que não é só sua. A sociedade já conseguiu se politizar para não ficar numa coisa tão segmentada. Se boa parte desse setor tiver prestado atenção no partido já foi uma grande vitória. Se eles se sentirem identificados com isso já será uma segunda grande vitória”, defende Ekman.



Polêmica


O programa eleitoral do PSOL que exibiu o beijo gay entre dois jovens foi, de longe, o assunto mais comentado nessa primeira semana eleitoral em São Paulo. Apesar do beijo ter menos de cinco segundos, foi suficiente para escandalizar várias pessoas. Conforme o iG já adiantou, a primeira manifestação pública contrária ao filme veio do relator do conselho político da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, Lelis Washington Marinhos. Ele defende que o Ministério Público e os partidos adversários entrem com ação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP), proibindo novas veiculações do programa e punindo o PSOL. O evangélico chama a peça de “deplorável” e “grande provocação à sociedade brasileira”.


No meio político, por exemplo, o candidato à Presidência da República José Maria Eymael, do Partido Social Democrata Cristão (PSDC), chamou a atitude do PSOL de escandalosa. “Foi um mal momento do PSOL. Embora nós respeitemos a opção sexual de cada um, não podemos aceitar uma atitude que fere os valores da família brasileira. O horário político deve ser utilizado para apresentar propostas, não com atitudes que possam constranger a maior parte das famílias”, afirmou.


Por conta da polêmica, a direção da campanha de Paulo Búfalo ainda avalia se produzirá novos programas na mesma linha. O diretor de programas do PSOL diz que, por hora, avalia-se apenas a possibilidade de repetir o filme em algum momento da campanha na tv, que está apenas começando e vai até 30 de setembro.


O primeiro beijo gay na TV


Muito se falou durante toda a semana sobre o beijo gay do PSOL ter sido o primeiro da televisão brasileira, em virtude das novelas da TV Globo, que insistem em não exibir demostrações de carinho entre pessoas do mesmo sexo, mesmo abordando exaustivamente o tema em suas telenovelas. Porém, vasculhando os livros da história da televisão, o iG encontrou menções de que a novela “Calúnia”, dirigida por Walter Foster na TV Tupi em 1951, foi a primeira a exibir um beijo lésbico entre as atrizes Vida Alves e Geórgia Gomide.


Apesar disso, não há registro público disponível sobre esse primeiro beijo gay da tv. O primeiro registro é da minissérie “Mãe de Santo”, exibida pela TV Manchete em 1990. Substituta da nova novela “Pantanal”, a minissérie mostrou timidamente o primeiro beijo gay entre dois homens no horário nobre. Por conta da baixa audiência, a minissérie durou menos de um mês no ar e a cena entre os personagens Lúcio e Rafael não causou grande repercussão na mídia.


O iG procurou o diretor da trama na época, Henrique Martins, que não se lembrava do episódio ter sido o primeiro beijo gay na TV. Com 76 anos, ele nem se lembrava da cena rodada na Bahia. Quando descrevemos como foi a cena, Martins disse que tinha apenas uma vaga lembrança, mas não se recordava da repercussão do assunto na época. “A internet não existia ainda e o Brasil estava preocupado com outros assuntos”, disse ele.


Perguntado sobre o que achava da cena exibida no horário eleitoral, o diretor de “Mãe de Santo” disse que era totalmente desnecessária. “Acho uma apelação gratuita. Isso leva tempo até a sociedade se acostumar. Tem que ir devagarzinho, em passos lentos. Antigamente não tinha passeata gay, hoje tem. É uma coisa que vai se conquistando degrau por degrau, sem chocar ou escandalizar”, avalia Henrique Martins, que também é ator e interpretou recentemente o senador Érico na novela “Ribeirão do Tempo”, atualmente no ar pela TV Record.


Diretor de grandes produções como “Sangue do Meu Sangue” (SBT, 1995) , “Os ossos do Barão” (SBT, 1997), “As pupilas do senhor reitor” (SBT, 1994), “Éramos seis” (SBT, 1994), “Cidadão Brasileiro” (Record, 2006) e “Revelação” (SBT, 2009), Henrique Martins lamenta que ainda existam restrições nas novelas em relação ao beijo gay: “A censura interna nas diretorias das emissoras ainda impedem que coisas como essa aconteçam”, desabafa. “Tenho esperanças de ainda ver esse resquício de censura liberada antes de eu morrer”, brinca o diretor, cujo nome de batismo é Hanez Schlesinger.

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