do Blog do Décio
O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, e seu aliado no Maranhão, o governador cassado Jackson Lago (PDT), podem ter cometido crime eleitoral na última terça-feira durante a passagem barulhenta do tucano por São Luís.
Aconteceu o seguinte: um grupo de aproximadamente 200 professores municipais, em greve há 50 dias, protestavam no Aeroporto Marechal Cunha Machado contra o prefeito João Castelo (PSDB). O objetivo era mostrar a Serra que seu principal aliado na capital estava em baixa. Por conta do protesto, a coordenação da campanha do candidato pedetista ao governo cancelou uma caminhada com Serra pela Rua Grande, a principal da cidade, com receio de mais manifestações.
O ex-governador de São Paulo chegou por volta das 15h30 e teve de descer no hangar da Cururupu Táxi Aéreo, ao lado do aeroporto, para evitar constrangimentos. Como pegaria mal ele não passar pela entrada principal do Cunha Machado, o PDT convocou às pressas ao local o ex-vereador Renato Dionísio e o Boi Pirilampo, comando por este, além de vários militantes. Enquanto isso, Serra aguardava o melhor momento para deixar hangar.
Os brincantes do grupo de bumba-meu-boi se posicionaram próximos ao grupo de professores no sentido de inibir a manifestação. Ao mesmo tempo começaram a dançar e cantar, caracterizando uma apresentação. Após 40 minutos de sua chegada e com a retaguarda já refeita, o tucano criou coragem e deixou o hangar num microonibus da deputada Graça Paz (PDT). Desceu rapidamente em frente do aeroporto, cumprimentou algumas pessoas e saiu tão rápido que quase ninguém notou sua presença.
Na chegada à Associação Comercial, na Praça Benedito Leite, onde recebeu o título de “Cidadão Ludovicense”, Serra foi recebido ao som da batucada da bateria da Escola de Samba Favela do Samba, também comandada por Renato Dionísio. O problema é que a Lei Eleitoral proíbe shows e eventos assemelhados com apresentação de artistas, remunerados ou não, em atos de campanha.
É o que reza o artigo 10, parágrafo 4º, da Resolução 23.191/2010 do TSE, que trata de propaganda eleitoral e condutas vedadas. “São proibidas a realização de showmício e de evento assemelhado para promoção de candidatos e a apresentação, remunerada ou não, de artistas com a finalidade de animar comício e reunião eleitoral”, diz a lei. Geralmente a punição para estes tipos de casos é multa.
Preso no elevador
Mais esse não foi único fato que chamou a atenção na visita do ex-ministro da Saúde a São Luís. Depois da homenagem na Associação Comercial, ele foi visitar o ex-deputado Neiva Moreira (PDT), a quem chamara de “meio subversivo” na solenidade em que recebeu o título de cidadão. Ao chegar ao prédio do octogenário político, Serra, Jackson, Castelo, e correligionários, ficaram presos no elevador. O peso foi muito grande.
O engraçado foi que a assessoria do candidato do PSDB quase quebra toda estrutura do elevador para livrar Serra daquela “prisão”. No entanto, foi o simples porteiro, já acostumado com o problema e usando uma chave de fenda, quem livrou o ex-governador paulista daquela situação vexatória.
Tem mais. Na volta para casa, já à noite, Serra enganou todo mundo e desviou da comitiva local para gravar seu programa eleitoral com um morador do bairro Turu. No caminho, ele sentiu na pele como é dura a vida do ludovicense. Enfrentou engarrafamentos e caiu em vários buracos ao longo do caminho. Depois da gravação, assessores perguntaram a uma equipe de reportagem local que o acompanhava qual o caminho mais rápido e com menos buraco para o aeroporto.
Já no embarque, irritado, o presidenciável puxou o aliado Castelo – que o aguardava no local - pelo braço e começou a reclamar. “Você está precisando ajeitar melhor a cidade”, disse. “Não se preocupe. Da próxima vez que senhor vier aqui, São Luís estará bem melhor”, prometeu o prefeito tucano.
Parece brincadeira, mas foi a pura realidade!
Fotos: Biaman Prado.
"
Comentários
Postar um comentário
Comentando os Fatos, uma nova forma de divulgar conteúdo com credibilidade. Nosso compromisso é divulgar informações diferenciadas, com checagem, apuração e seriedade.
Aqui oferecemos aquele algo mais que ainda não foi dito, ou mostrado.