O político tem que ser popular, tem que falar sempre aquilo que a população quer ouvir, até porque se fosse o contrário não teria votos necessários para se eleger, mas nem por isso ele pode mentir, exagerar, prometer aquilo que não pode cumprir. O objetivo de todo e qualquer homem público é ser popular – assim ele garante a sua sobrevida na atividade político-eleitoral. Muitos alcançam a popularidade, muito embora seja por tempo limitado, geralmente apenas o tempo de sua permanência no poder.
O populismo rasteiro tem produzido estragos irreparáveis ao longo do tempo. Os estudiosos tentam entender o fenômeno da popularidade de alguns que beira a estratosfera. Diz-se, por exemplo, do atual presidente, que ele tem mais de 90% de aprovação da sociedade brasileira, segundo informações de vários institutos de pesquisa. É justo porque o governo federal tem feito uma grande obra social através de programas de redistribuição de renda.
O que não é justo é que tais programas sejam utilizados com fins eleitoreiros. Os seus defensores certamente dirão que outros o fizeram antes dele e certamente outros mais o farão depois de sua passagem pelo poder. É verdade. O uso de programas oficiais em campanhas políticas não vem de hoje. Praticamente todos os presidentes, governadores e prefeitos sempre se utilizaram da estrutura pública para distribuir benefícios que mais tarde serão cobrados com votos para si e seus candidatos.
Getúlio Vargas mandava distribuir sopa nas favelas do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul. Concentrou estes esforços nos maiores estados, onde também se concentrava um grande número de pessoas carentes – e de onde poderia facilmente difundir pelo restante do país a sua “extrema bondade” que o colocaria no patamar de “pai dos pobres”.
Juscelino Kubitschek inovou. Ele institucionalizou a distribuição de alimento aos menos favorecidos através da criação a LBA (Legião Brasileira de Assistência). Os militares, que assumiram nos anos 60, implantaram programa de aposentadoria para homem do campo. Com isso ganharam muito apoio popular. Emilio Médici chegou a ter 96% de aprovação, segundo informações de Elio Gaspari, em “As ilusões armadas”.
José Sarney, que assumiu com a redemocratização, criou o programa do leite que ajudou a criar muita criança pobre por este Brasil imenso. No entanto, foi desvirtuado em sua essência. Ele chegou ao pico de aprovação com o Plano Real, quando atingiu mais de 80%.
Nada disso, entanto, permite ao governante abusar da própria condição. Ele, como qualquer cidadão do país, tem sua atuação restrita ao limite imposto pela legalidade. Não faz sentido um presidente, só porque tem aprovação recorde, fazer o que lhe der na telha, porque neste caso tudo poderá ser feito sob o pretexto de que nada se pode contestar – porque o governante tem as costas largas pelo apoio dos mais pobres – a imensa maioria.
Postado do Jornal Diário do Povo
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