do blog: Décio Sá
Luana de Zé Antonio discutem por cadeira para Ribamar Alves
Um verdadeiro “samba-do-crioulo-doido” marcado por uma sucessão de gafes, erros e constrangimentos. Assim pode ser definida a convenção do PCdoB/PSB que homologou nesta quarta-feira a candidatura do deputado Flávio Dino (PCdoB) ao Governo do Estado. Com o apoio de última hora do PPS, a chapa terá a professora Miosótis Lúcio como candidata a vice-governadora, o ex-governador José Reinaldo (PSB) e o professor Adonilson Lima (PCdoB) ao Senado.
O festival de gafes começou com o atraso no início da convenção. Marcada para as 16h, só iniciou às 17h30 após a chegada do deputado ao auditório da Assembleia Legislativa onde militantes empolgados, trazidos por dezenas de ônibus, microonibus e vans, gritavam palavras de ordem. Antes da chegada do comunista, a mulher do deputado federal Ribamar Alves (PSB), Luana Alves, chegou a discutir com o presidente do partido, José Antonio Almeida, e a organização do evento, porque não havia cadeira reservada na mesa dos trabalhos para o marido.
Houve falhas ainda na execução do hino nacional e na veiculação do clipe com o jingle do candidato. O hino só começou a tocar quando o público já cantava. O jingle não foi executado. “Esse deejay é sarneisista”, gritavam alguns militantes. Apesar de ter cedido o local para o evento e ter ouvido vários políticos e dirigentes de movimentos sociais, o presidente da Assembleia, Marcelo Tavares (PSB), não teve direito a discursar.
Constrangimentos
O primeiro grande constrangimento quem passou foi o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE). Ao citar os avanços do governo Lula, ele teve de mudar o tom devido ao coro de vaias de militantes do PCdoB ao presidente. Integrante da ala radical, o vice-presidente do partido, Augusto Lobato, disse que “o PT é maior que Lula”. Nos meios políticos em todo país o entendimento é justamente o contrário. O contrangimento foi tanto que do meio para o final, Arruda (na foto de Biaman Prado sorrindo amarelo após as vaias a Lula) já não era mais visto à frente da mesa. Sumiu do local.
Na sequência, numa espécie de desagravo, vários oradores tentaram amenizar o clima e passaram a defender o governo do PT. O deputado-radical Domingos Dutra fez um apelo à militância para “não transformar Dilma (Roussef) e Lula em nossos inimigos”. “Se tem alguém aqui para a gente defender é o Lula e a Dilma. É bom ter cuidado porque aqui tem muito fuxiqueiro”, completou.
O presidente do PPS, Paulo Matos, que pela manhã defendia o alinhamento da legenda à candidatura Jackson Lago (PDT) durante convenção em Bacabal, apareceu no meio do evento para hipotecar apoio a Flávio Dino. Ele foi vaiado ao tentar defender a candidatura do tucano José Serra (PSDB). Disse em bom tom que uma das condições do partido estar ali era justamente o apoio da coligação ao ex-governador paulista. Antes dele José Antonio já tinha detonado o PSDB. “O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso levou o Brasil ao retrocesso. O PSDB faliu o Brasil. No governo do PSDB venderam várias de nossas empresas.”
Messias
Ribamar Alves, que esteve sábado na convenção que homologou o nome de Jackson, brincou com seus quase dois metros de altura. “Temos o maior e o melhor deputados do Brasil. Ribamar Alves e Flávio Dino.” Ele comparou o candidato comunista ao messias que levou o povo cristão à terra prometida atravessando o Mar Vermelho. Segundo Ribamar Alves, a derrota do deputado à Prefeitura de São Luís em 2008 foi “uma coisa boa porque a missão dele é maior que a prefeitura; era ser candidato a governador.”
Paulo Matos: de manhã Jackson Lago; à tarde Flávio Dino
O prefeito de Caxias, Humberto Coutinho (PDT), chegou a dizer que Flávio Dino “foi presidente do CNJ” (Conselho Nacional de Justiça)”. Na verdade, ele foi presidente da Ajufe (Associação Nacional dos Juízes Federais) e membro do CNJ. Além de Coutinho, somente a prefeita Suely Pereira (PDT), de Matões, participou da convenção. Anunciado com “representante da região Tocantina e Sul do Maranhão”, o candidato a senador Adonilson Lima disse ter nascido no povoado Capa Bode, em Presidente Dutra, no Centro do Estado.
José Reinaldo confirmou ter tentado que apenas ele, pela coligação PCdoB/PSB, e um outro nome da aliança em torno de Jackson, fossem candidatos ao Senado. “Fizeram uma confusão danada. Não era medo. Era só para que pudéssemos demonstrar que estávamos unidos”, explicou sobre a tentativa frustrada de união.
Discurso
Flávio Dino falou durante meia hora mas não fez uma referência a Lula e nem a Dilma, candidata apoiada oficialmente pelo PCdoB. Disse apenas que carregaria as bandeiras do PCdoB, do PPS e do PT. Lembrou que na convenção tinham militantes de “muitos partidos” e era preciso ampará-los na campanha.
O deputado contou que jamais pensou em desistir e tentou culpar a imprensa pelas revelações feitas pelo candidato ao Senado Edson Vidigal (PSDB) sobre sua desistência. “Eu não desisto, não arredo, não ando para trás porque para o Maranhão andar para frente, nossa candidatura tem de avançar”, declarou em tom arrogante.
O comunista criticou a “propaganda enganosa do governo”, mas admitiu que projetos como as UPAS (Unidades de Pronto Atendimento) – a primeira delas no Anjo da Guarda recém inaugurada pela governadora Roseana Sarney – e a Refinaria da Petrobras, em Bacabeira, são bons e devem continuar.
Ele elogiou a “experiência política e administrativa” de José Reinaldo. “A experiência de um homem que viveu do outro lago (grupo Sarney), mas possibilitou esse momento que estamos vivendo.” Em seguida disse que o ex-governador e Adonilson Lima seriam eleitos senadores.
“Serão ou não serão?”, questionou ao público. Recebeu um sim meio desanimado dos presentes. “O Adonilson ainda é novinho, mas o José Reinaldo está com o coração pulsando forte. A gente não pode deixá-lo triste”, apelou insistindo: “Vamos elegê-los, sim ou não, companheiros!”. O público respondeu positivamente com um pouco mais de vigor. “Agora ele está mais tranquilo. Está me devendo o comercial”, disse o deputado ao ex-governador. José Reinaldo sorriu amarelo.
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