Por Noeli Menezes, da Folha de S. Paulo:
Brasília – O presidente do Senado, José Sarney (PMDB), afirmou ontem que discorda da declaração do líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB), para quem “o governo não tem compromisso” em aprovar o projeto da ficha limpa até 6 de junho, de modo que a lei valha para eleições deste ano.
Sarney quer votar logo projeto "Ficha Limpa"
Anteontem, Jucá disse que o marco regulatório do pré-sal é prioridade. “Não vi isso até agora como uma posição de governo. [...] E ele então está fazendo uma avaliação pessoal, que não é a minha avaliação pessoal.”
Ele disse que o Senado precisa fazer um esforço para votar o projeto -que pretende proibir a candidatura de quem tem problemas com a Justiça- e que vai se reunir com os líderes partidários para que a análise ocorra “com a maior urgência”.
O presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Demóstenes Torres (DEM), relator do projeto, afirmou que vai apresentar seu parecer na próxima quarta-feira sem fazer modificações no texto aprovado pela Câmara.
Em audiência para discutir o voto de presos provisórios, deputados contestaram o esforço da Justiça para garantir a aplicação da lei. Dizem eles que o eleitor também precisa ter a “ficha limpa”.
Para o deputado Marcelo Itagiba (PSDB), não há motivo para incentivar o voto de presos porque foi a própria Justiça que os condenou. “Ficha limpa não deveria ser exigida do representante e do representado?”, questionou.
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A ficha é suja
ResponderExcluirResisto a apoiar a tal Ficha Limpa e discretamente comemoro sua formatação definitiva, que a encaminha para o limbo jurídico. Ela proporcionaria um recrudescimento da já alarmante putrefação institucional do Judiciário.
Qualquer juiz obscuro, das menores e mais remotas comarcas, poderia destruir projetos políticos legítimos. Lideranças regionais seriam perseguidas e arruinadas. Basta contrariar os interesses do empresariado, da mídia, das boas famílias ou, afinal, dos próprios “doutores” togados, e sua vida virará um inferno.
Dêem-me cinqüenta mangos e lhes devolvo uma boa condenação por corrupção de menor, assédio moral, irregularidades trabalhistas diversas, etc. A exigência do colegiado apenas encarece o esquema; e, pior, o generaliza.
Uma reforma política de verdade suplantaria todos esses arremedos moralistas. Mas, sendo impossível aprová-la sem uma Assembléia exclusiva, os benfeitores do Congresso agradam o distinto eleitor com paliativos e indignações entorpecentes.