Cansaço, tristeza, irritabilidade, falta de desejo sexual. Muitos homens sofrem com esses sintomas a partir dos 40 anos, mas acreditam que são normais e que estão relacionados ao envelhecimento. Os sinais, entretanto, podem indicar um problema mais grave: o distúrbio androgênico do envelhecimento masculino (DAEM), também chamado de hipogonadismo ou popularmente como “andropausa”, doença que atinge cerca de 20% dos homens acima dos 60 anos.
Além do impacto na qualidade de vida, a diminuição dos níveis de testosterona – responsável por controlar as funções sexuais (como libido, potência e fertilidade) e preservar a aparência e a saúde do organismo masculino – pode causar complicações como obesidade, diabete, osteoporose, hipertensão e doenças cardiovasculares.
“Pesquisas comprovam que a diminuição de testosterona está associada, em muitos casos, à síndrome metabólica, caracterizada pelo aumento da circunferência abdominal e pela associação de fatores de risco para doenças cardiovasculares”, explicou o especialista em endocrinologia e andrologia Michael Zitzmann, pesquisador do Centro de Medicina Reprodutiva e Andrologia de Münster, na Alemanha, durante o Congresso Europeu de Urologia, que ocorreu entre os dias 16 e 20 de abril na cidade de Barcelona, na Espanha. “Homens com a síndrome são cerca de três vezes mais propensos a desenvolver hipogonadismo. É um ciclo vicioso. A síndrome metabólica tanto pode causar quanto pode ser causada por deficiência de hormônio.”
A síndrome aumenta o risco de mortalidade em cerca de duas vezes e de desenvolvimento das doenças cardíacas em três. Aproximadamente 25% da população adulta sofre com o transtorno. Uma dieta equilibrada e a prática regular de exercícios físicos podem amenizar as complicações. Mas, quando se comprova a deficiência de testosterona, a solução para combater todos esses males, segundo os especialistas, é a reposição do hormônio.
Câncer – Existe a crença de que o tratamento de reposição pode aumentar as chances de câncer de mama, já que há um aumento das taxas de PSA (marcador tumoral) no sangue e também do tamanho da próstata. O urologista Ridwan Shabsigh, professor da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, assegurou que não existem evidências da associação entre reposição hormonal e câncer. “Quem sofre de DAEM tem a próstata menor, com um volume médio de 10 milímetros. Quando ocorre o tratamento hormonal, ela atinge o seu tamanho normal, que é de cerca de 20 milímetros. O mesmo ocorre com o índice de PSA, que aumenta, mas não ultrapassa o nível saudável”, disse.
O tratamento hormonal pode ser realizado durante toda a vida do homem, desde que o paciente não tenha o câncer. “Até mesmo homens que já tiveram câncer de próstata podem usar o hormônio, mas não vale para todos, é necessário avaliar cada caso”, completou Shabsigh. Três em cada quatro homens acima dos 80 anos podem apresentar casos de câncer microscópico da próstata, mas quase sempre o tumor não apresenta grandes riscos.
Vários estudos indicam que o hipogonadismo é frequentemente mal diagnosticado e tratado inadequadamente, já que os sintomas podem ser atribuídos ao envelhecimento ou a outras doenças. “Menos de 1% dos homens diagnosticados com DAEM recebe tratamento adequado. A falta de informação sobre a doença, tanto entre pacientes quanto entre os próprios médicos, afeta significativamente a qualidade de vida do sexo masculino”, lembrou Siegfried Meryn, professor da Universidade Médica de Viena, na Áustria, e presidente da Sociedade Internacional de Saúde Masculina.
(Gazeta do Povo)
"
Comentários
Postar um comentário
Comentando os Fatos, uma nova forma de divulgar conteúdo com credibilidade. Nosso compromisso é divulgar informações diferenciadas, com checagem, apuração e seriedade.
Aqui oferecemos aquele algo mais que ainda não foi dito, ou mostrado.