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Crise vira guerra de extermínio -

Crise vira guerra de extermínio - Ricardo Noblat: O Globo: "Descortina-se, com a reabertura do Congresso, na próxima terça-feira, uma guerra política, cujo desfecho previsível é a eleição do próximo presidente da República, ano que vem. Não se espere trégua no que vem por aí. É a luta pelo poder, com uma intensidade sem precedentes nos tempos recentes.

Assunto não falta, e a crise do Senado é apenas o primeiro capítulo, que se desdobrará em numerosos outros, tendo a ética e a moralidade – paradoxalmente, matéria-prima escassa entre os protagonistas – como eixo de gravidade.

O tema já havia sido antecipado em março, no discurso do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), quando investiu contra seu próprio partido, considerando-o intrinsecamente corrupto. Jarbas é aliado de José Serra, do PSDB, enquanto seu partido está, pelo menos até aqui, com Lula. O PMDB é o fiel da balança nessa peleja. Não é um partido: é uma federação de interesses regionais, sem comando central. É o partido dos caciques, cada qual com sua tribo.

O PMDB de São Paulo não é o mesmo do Rio Grande do Sul, que, por sua vez, nada tem a ver com o do Maranhão, e assim por diante. Unem-se apenas em torno do poder - e preferem que seja assim. Cada qual tem seu chefe político e só a ele obedece. Lula, a exemplo de seu antecessor, Fernando Henrique, conseguiu, a custo de amplo fisiologismo, o apoio (mesmo assim instável) da maioria para governar. Mas sabe que a sucessão é outra história.

Tem custo próprio e é sua negociação que está em pauta, na crise do Senado. Sarney é o PMDB no comando de uma casa legislativa vital, onde o governo já sofreu alguns revezes, entre os quais se destaca o da extinção da CPMF. Mas não apenas: há pouco, foram rejeitados nomes indicados para o Ministério Público, sem que o mérito dos indicados tenha pesado na decisão.

Não foi com conforto que Lula defendeu Sarney, a quem, no passado recente, chamou várias vezes de “grande ladrão”. A então senadora Heloísa Helena, a deputada Luciana Genro (filha do ministro da Justiça, Tarso Genro) e outros dois deputados, que depois fundaram o PSol, foram expulsos do partido quando exibiram uma fita em que Lula tentava barrar (com êxito) a reforma da Previdência (que depois faria em termos ainda mais duros), chamando Sarney exatamente disto: “Grande ladrão do Planalto”. Depois, tornou-se seu aliado. E agora, diante da repercussão adversa de suas declarações, já deixou claro que não prosseguirá.

Basta conferir a declaração de anteontem, em que disse que não foi ele quem elegeu Sarney, nem nenhum dos senadores envolvidos no escândalo. Votou apenas nos senadores de São Paulo. Declaração frágil, na medida em que não é o Lula eleitor, mas o Lula presidente, que selou as alianças vigentes, que está em pauta.

E é essa política que está em xeque (melhor seria grafá-la com “ch”): a do clientelismo, que a República, no Brasil, paradoxalmente, avivou, em vez de extinguir. Estão todos naquela situação bíblica do “atire a primeira pedra”. Ninguém está totalmente isento.

Basta ver que Sarney irá ao Conselho de Ética pelo mesmo motivo que seu acusador, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), embora colecione número bem maior de reincidências delituosas. O que importa frisar é que uma guerra política, no Brasil, tendo por mote a ética, equivale a uma guerra de extermínio.

Foi esse termo que o então senador Antonio Carlos Magalhães utilizou, ao tempo da CPI do Orçamento, em 1994, ao tentar evitar (com êxito) que todos saíssem chamuscados daquela investigação. Cuidou-se então de selecionar as vítimas, pois todos, em alguma medida, tinham vínculos com empreiteiras e tiravam proveito pessoal e/ou eleitoral com as emendas ao Orçamento. Uns mais, outros menos. Selecionaram-se então os que tinham mais.

Todos, no âmbito parlamentar, têm algum viés com as anomalias presentemente em pauta: nepotismo, farra das passagens aéreas, empreguismo, tráfico de influências. Alguns, como o próprio Sarney, incidem em todas. É estratégico começar com o cabeça da principal instituição, o Senado, pois, a partir dele (e por causa dele), virão outros, como num jogo de dominó.

Para o eleitor, nada melhor. Abre-se a oportunidade de uma faxina em regra, que, no entanto, pode ser interrompida pelo pacto do “lixo embaixo do tapete”, que prevaleceu em outras ocasiões. Como, por exemplo, no impeachment de Collor ou na já citada CPI do Orçamento. Ou ainda no Mensalão. Tudo dependerá do grau de vigilância, até aqui exercida mais pela imprensa, de quem Ruy Barbosa disse ser os “olhos e ouvidos da sociedade”, que pelos órgãos do Estado incumbidos de exercê-la. Aguardemos.



Ruy Fabiano é jornalista"

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